Como Lidar Com a Culpa Materna e Aproveitar Mais os Momentos Com Seus Filhos

Quem nunca ouviu a frase “nasce uma mãe, nasce a culpa”, provavelmente não é mãe. E, convenhamos, por mais dolorosa que pareça, essa sentença carrega uma grande verdade: vivemos numa cultura que romantiza a maternidade, como se fosse algo completamente instintivo — como se, ao nascer um filho, nascesse também uma mulher perfeitamente pronta para educar outro ser humano.

E é aí que a culpa aparece. Ela surge quando nos vemos diante de uma expectativa — muitas vezes impossível — do que significa ser uma “boa mãe”. Seja o ideal de estar sempre disponível, paciente e nunca errando, seja a comparação com a maternidade que é postada nas redes sociais.

Como mãe, sentimos culpa porque queremos dar o melhor aos nossos filhos. O problema é quando esse sentimento se transforma em um peso constante que nos paralisa, nos afasta do presente e nos impede de enxergar tudo o que já fazemos com amor e intenção.

A verdade é que a culpa sempre vai bater à porta em algum momento. O que muda é a forma como lidamos com ela. Aprendi a colocar a culpa no lugar certo — e aproveitar mais os momentos com meus filhos — quando nasceu meu segundo bebê. Foi quando comecei a aplicar Montessori de verdade, dentro da minha casa, no melhor jeito possível pra nossa rotina. Eu trouxe algumas sugestões do que tem funcionado pra mim - e espero que sejam úteis pra você também:

1. “Quando estiver com eles, esteja com eles”

Essa frase me acompanha todos os dias. Quando estiver com seus filhos, esteja de verdade. É hora de ir ao parquinho gastar energia? Observe do que gostam de brincar, como interagem, quais habilidades estão desenvolvendo... A observação, como ensina Montessori, é uma ferramenta poderosa de conexão.

2. Crie seus próprios rituais com cada filho

Minha filha precisa de mim logo ao acordar; já meu filho precisa de um tempo a sós comigo antes de dormir. Assim que acordo, lemos um livro, brincamos um pouco e depois podemos tomar desjejum, fazer higiene, etc. À noite, criamos o seguinte ritual: enquanto minha filha está com meu marido, eu brinco com o bebê por alguns minutos antes de fazê-los dormir. Tenha você um ou três filhos, pequenos rituais individuais ajudam cada um a se sentir amado.

3. Inclua as crianças sempre que puder (e fizer sentido)

Convide-os a participar não só nas tarefas domésticas, mas também em situações corriqueiras. Um dia, voltei a pintar por hobby. Minha filha viu e quis participar — e assim começamos uma nova tradição. Às vezes fazemos exercícios juntas na sala, outras vezes temos um momento de “skincare”: enquanto me maquio, ela passa protetor solar. Isso ensina sobre autocuidado e cria boas memórias.

4. Esqueça o celular

Acho que meu filho tinha uns 6 meses quando começou a procurar meu celular embaixo do travesseiro. Percebi que estava transmitindo a ele um hábito que não queria: em boa parte do tempo eu estava ali, no chão, brincando com eles — mas não estava realmente ali. Passei a deixar o celular em outro cômodo. Quando minha filha perguntava pelo celular, eu dizia: “nem sei onde tá”. E meu dia era muito mais produtivo. Lembre-se que os stories que você quer ver duram 24h, mas a infância vale mais - e cada momento também é único.

5. Saia de casa

Quando nada funciona, esse é meu segredo: sair por aí. Não precisa ser um passeio planejado — é só pegar as crianças e ir pra rua. Caminhar no condomínio, procurar borboletas, contar cachorros... Isso me ajuda a respirar outros ares e lembrar que meus filhos não precisam de uma mãe perfeita. Eles precisam de uma mãe suficientemente boa.

A culpa talvez nunca vá embora por completo — mas ela não precisa ocupar o centro da nossa história. Aos poucos, aprendemos a olhar para ela com mais gentileza, entendendo que sentir culpa não nos faz menos mães, apenas humanas. No fim das contas, não é sobre ser perfeita, mas sobre estar ali, disponível e grata com o que se tem.

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